quarta-feira, 25 de julho de 2012

Mistura Incrédula.


Só resta agora uma mistura incrédula
Minha ânsia e humor negro
Sem moedas nem cédulas
Mentes, mãos e minha boca vermelha.
Idéias nojentas, toques macios e palavras tingidas.
Fim de festa, gestos confusos.
Sobrou apenas o resto de feridas
Sentimentos dormindo num papel amassado
Num beco depois da garrafa vazia
Uma tontura solitária na multidão tardia
Tudo tão confuso e nublado, sem rima.
Uma melodia grita meu nome
Voz macia, redonda, pornográfica.
Me acaricia na sua indecência
É o que resta da noite cheia
Uma esmola de ilusões
Amanhecer como agora?
Com vergonha do Sol e preguiça do dia
Meu sorriso não vem, engulo um soluço.
De choro ou embriaguez?
Se me embriago, choro, se choro me embriago.
Vou embora beijar minhas mentiras
Ou fico até minha verdade chegar?
Se não há realidade, fico aqui.
O gosto amargo do teu cheiro
Em minha boca o dia inteiro
Em volta de mim corpos rastejam
Minha vista escurece, a mente roda.
Você lava meus lábios com tua saliva
O dia voou, e a noite voltou.
Só resta agora uma mistura incrédula