segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Foda-se o Título.

Eu sou um monstro.
Louco, doentio, insano, completamente insano.
Essa loucura me arca as costas, me pesa no olhar, ser monstro esgota.
Sinto um cheiro de giz de cera, que me embala devagar, me leva pro passado, pros desenhos pendurados com prendedores em varais, frágeis varais.
Aqui ficou só a ausência de cheiros. Tão já uma bagagem repleta de lembranças e saudades de outras épocas vividas, e de outras que sequer foram vividas, eu as leio, as roubo de escritores já mortos e sinto-lhes, roubo-lhes as dores, sinto-lhes, prepotentemente acredito saber o que sentiam ao escrever aquelas nostalgias.
Ficou, ficou o uniforme, o beijo roubado em vão, porque a morte levou o resto. Ficou, ficou as roupas pretas e as pulseiras pretas, porque a vida molda, nem que seja a força, e tudo perde a razão. Ficaram, ficaram dois gatos, ficou o "prestígio", ficou ter um pai, ficou ter uma mãe que fazia cafuné, ficou. Ficou o quarto cheio de posteres, ficou, ficou a inocência, ficou. O vinho escondido no quarto com os amigos? Ficou, ficou junto com os filmes proibidos, ficaram. Os cigarros proibidos, o primeiro porre, o primeiro beijo que foi nojento, também ficou. Ficou subir as escadas de quatro, tentando não fazer barulho, ficou segurar a risada até explodir dentro da sala de aula, ficou a professora mandando sair. Ficou o sangue quente, pra trás. Ficou, agora, no presente, o comodismo, ficou. Veio e ficou. Regras, eu sigo. O que eu quero, não vivo. Ficou, ficou, ficou, foi só o que restou que acabou ficando de vez. Vá vive, vive, vive logo menino, vive logo menina. Que hoje achas que o mundo é seu, amanhã verá que era só coisa de liceu, nem sequer você é seu.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Joanne Presunçosa.


Joanne buscava desesperadamente por um cigarro naquela tarde, apenas outra tarde de nostalgia, na qual ela punha tudo junto num vasilhame, as coisas que mais lhe afligiam o nobre coração (nobre e novo, apesar dela já considerá-lo tão gasto e experiente). E lá se iam, ao vasilhame, para serem mexidos até se tornarem uma massa homogênea e com uma viscosidade cremosa, amores perdidos, amores achados, amores platônicos, desamores, dissabores, amizades, distância, saudades, sobriedade, embriaguez, fotos de algum tempo atrás, cujos traços de si mesma ela observava saudosa, e percebia como seu rosto houvera mudado nesses poucos anos que a atropelaram impiedosamente, ao apresentarem seus dias, avidamente. Ela via que o sorriso e os cantos dos olhos já não andavam mais sozinhos, largados esquecidos sobre aquela pele macia, eles agora pareciam viver acompanhados de umas covinhas bobas que surgiam sempre por ali, e também na testa. Joanne sofria muito nesses seus momentos inevitáveis, e chorava bastante, embora algumas vezes a dor, ou sabe-se lá o que (ela nunca soube explicar, nem aos outros nem a si mesma, o que exatamente ela sentia) era tão profunda e desesperadamente irracional, que sequer chorar ela conseguia, e nesses casos, a mistura homogênea de sentimentos e coisas antigas ficava empelotada, pois as lágrimas eram quem dava a liga.
Joanne tinha rituais estabelecidos para esses momentos, duas vezes ela pegou coisas que a feriam, do seu passado, coisas como cartas, fotos, objetos, e os queimou impiedosamente, enquanto bradava silenciosamente: 'Isso já está superado, preciso deixar ir embora'. Ela dizia com uma convicção tola de criança, como que querendo se auto acreditar, esperneava, pelo brinquedo novo, pelo coração novo, a memória nova, sem resquício nenhum daquela outra tão gasta (segundo ela achava). Joanne também gostava muito de ingerir coisas alcoólicas nessas horas, ela bebia mesmo, gut gut, sem dó, sozinha, e depois ficava de um jeito meio besta, sorte que ela sempre estava sozinha, senão iriam rir muito dela, e de como ela ficava. Meio entorpecida, com uns risos frouxos e embasbacados na cara, misturados a soluços de um choro interminável, mas que estava interrompido. Ainda bem que Joanne não usava maquiagens pois a cara dela ficaria ainda pior, e a mistura homogênea ficaria no ponto, só que toda preta, borrada de lápis de olho, "mais preta do que minhas próprias lembranças? Difícil" - diria Joanne, sempre se considerando o ser mais sofrido da face da terra. Ela também gostava de abrir mais as feridas, largar tudo no vivo, como quem revela um segredo que implora para ser sabido. Ela pegava umas músicas dessas bem tristes mesmo e ficava ouvindo, e ela gostava muito de se colocar no lugar das pessoas tristes que viviam dentro dessas músicas, isso deixava a menina com uma dor no peito, tão, tão grande, e mesmo assim ela não achava que tava bom, aí ela ia fuçar nas coisas dela, e achava umas coisas que nossa, só vendo, muito tristes mesmo. Ela segurava na roupa dela e puxava as mangas da camiseta e a gola, puxava forte, até o pano machucar a pele, e fazer aquele estralo de linha se soltando. Aí ela abraçava as próprias pernas, e puxava os cabelos, ela pareceria louca, se a vissem, e provavelmente estava mesmo, esfregava o rosto com força, apoiava um travesseiro na parede e socava, (muito sofrida, mas covarde demais pra socar a parede em si) e tudo o mais mesmo. Certa vez faltou-lhe cigarros, Joanne ficou doidinha, doidinha, ela gostava muito de dizer que não era viciada nem nada do tipo, como se ela precisasse realmente de cigarros para viver. "Mas nessas horas" - ela dizia - "eu preciso muito, muito, muito, pq eu gosto de ver a luzinha brincando perto da minha boca, enquanto eu trago, trago pra mim, aquele calorzinho que sai, e eu gosto de ver o reflexo da luzinha no espelho", nesses momentos ela tinha negócios estranhos, ficava se retorcendo, ela tinha uma coisa que chamava de "estica estica", que era uma coisa, tipo uma agonia, na qual ela tinha que se espreguiçar muito, além dos limites que seus membros conseguiam, e ela ia esticando até ter câimbras, aí ela tinha que fazer massagem na câimbra, que doía muito forte mesmo, e demorava um pouco a passar, e quando passava ela caia de costas na cama, como se houvesse acabado de ter um daqueles negócios que as pessoas tem e caem depois sem fôlego na cama, ou no lugar em que estiverem, "aí, eu já tinha esquecido o cigarro maldito" - ela dizia- . Ela é uma menina que gosta de escrever, mas sempre fica falando que quando ela se sente bem e feliz com a vida dela, não consegue escrever nada legal, e fica saindo umas "rimas pobres", que parecem coisas que ela escrevia na 3ª série, ela usa essas palavras pra descrever, dizia ela que um homem chamado Antônio Maria a tinha descrito certa vez quando escreveu essa frase:

"Toda mulher, após trinta dias de felicidade sente fome e sede de desgraça. Só não irá embora se não tiver condução."

Ela gosta de escrever coisas quando está se sentindo nesses momentos estranhos, que aí sim saem coisas legais segundo ela mesma fica falando sempre : "Não é me gabar, sabe, mas quando eu estou feliz e leio o que eu escrevi quando eu estava triste, ou bêbada ou qualquer uma dessas coisas ou nenhuma delas, só indefinida, eu nem acredito que fui eu quem escreveu, dá até orgulho de mim, já quando eu tô triste, ou bêbada ou qualquer uma dessas coisas ou nenhuma delas, só indefinida, e leio o que eu escrevi feliz, eu também nem acredito que fui eu quem escreveu, fico com vergonha, acho que minha cara até cora de vergonha"

O maior medo de Joanne era de ficar louca de vez, de um dia desses entrar naquele lugar da mistura homogênea sem manchas de lápis preto de olho, e nunca mais conseguir achar o caminho de volta, ou então, até saber o caminho de volta, mas de estar desiludida e quebrada demais para querer voltar. Ela tem medo de querer se deitar lá, num daqueles buracos macios e infinitos, e deixar o corpo dela lá, e a mente também, só ficar lá, e parar de ser, de existir, só um objeto em cima do outro, sem consciência. "Preguiça de viver eu já tenho sempre, não falta muito". Joanne, Joanne, pobre menina, mulher, triste, profunda, sente demais, acha que sofre muito, mais do que todo mundo, presunçosa em sua dor, coloca sempre seus sentimentos tolos e confusos em pedestais inalcançáveis, fora de mão até mesmo pra ela e seus pezinhos erguidos, que tentam em vão agarrar nalgumas daquelas caixas de bobagens misturadas, algo ou alguém que lhe trouxesse sentido a tudo aquilo. Pobre Joanne, cujo coração só começara a sofrer, cuja mente só começara a ter que acumular lembranças tristes de pessoas e horas boas, e lembranças boas de pessoas e lugares tristes. Pobre Joanne, tão jovem, tão presunçosa. Alguém tem um cigarro pra Joanne brincar no espelho com um reflexo vermelho, que não a cara dela de chorar e esfregar tudo aquelas lágrimas nojentas que dão a liga?















quarta-feira, 25 de julho de 2012

Mistura Incrédula.


Só resta agora uma mistura incrédula
Minha ânsia e humor negro
Sem moedas nem cédulas
Mentes, mãos e minha boca vermelha.
Idéias nojentas, toques macios e palavras tingidas.
Fim de festa, gestos confusos.
Sobrou apenas o resto de feridas
Sentimentos dormindo num papel amassado
Num beco depois da garrafa vazia
Uma tontura solitária na multidão tardia
Tudo tão confuso e nublado, sem rima.
Uma melodia grita meu nome
Voz macia, redonda, pornográfica.
Me acaricia na sua indecência
É o que resta da noite cheia
Uma esmola de ilusões
Amanhecer como agora?
Com vergonha do Sol e preguiça do dia
Meu sorriso não vem, engulo um soluço.
De choro ou embriaguez?
Se me embriago, choro, se choro me embriago.
Vou embora beijar minhas mentiras
Ou fico até minha verdade chegar?
Se não há realidade, fico aqui.
O gosto amargo do teu cheiro
Em minha boca o dia inteiro
Em volta de mim corpos rastejam
Minha vista escurece, a mente roda.
Você lava meus lábios com tua saliva
O dia voou, e a noite voltou.
Só resta agora uma mistura incrédula

segunda-feira, 25 de junho de 2012


Qual o sujeito da oração:
-O sujeito é predicado?
Sujeito que faz oração
E depois faz pecado?

Deleite de trocadilhos
Trocados no troco do leite
Cafezinho com pão
Com a fé, vinho e pão

Sem sentir sentimento
Nem um sente, nem outro
Se ressente em pensamento
E se derrete em desencontro

Ouvindo canções
Escreveu poemas, poesias.
Dedicados às emoções
Em meio ao mar, maresias.

Inspiração musical
De um anjo bom ou mal (aqui cabe trocadilho com MAL, anjo mal feito, mal acabado, caído, whatever)
De um amor que odeia ou ama
Vive na veia e na alma

Poeta tolo, pobre de ti.
Inspira-se de repente
Escreve pra sempre
Palavras incontinenti

Amante errante
Entregou a carne viva do peito
Avante, andante.
Levanta e dá teu jeito

Esquece o amor bandido
Assassina-o de seu interior
Segue o rumo interrompido
Tira o espinho da flor

terça-feira, 15 de maio de 2012

Sorriso de Seda.


Estava ali parado com aquele sorriso de seda
Macio e fácil de se desfazer, derreteria com as lágrimas que desbravavam seu rosto, que ele secava, adiando esse dilúvio de insorrisos que lhe reservaram tão cruelmente.
Teria sido melhor não saber, pois assim não era culpa dele, ele tentara, dizia a si mesmo. Mas agora que sabe, entende que o fracasso todo deve-se a sua covardia. E agora ele perdeu aquele gosto tolo de ignorância ou disfarce, ele sorria, fraca e timidamente, com um brilho grato no olhar, grato, que se ele não soubesse iria ficar pra sempre na busca, acreditando em suas mentiras auto-contadas, inventadas cuidadosamente de forma a colorir ainda mais fortemente sua aquarela de desamores imaginários.
Agora ele estava prestes a abandonar a sua autopiedade inconsciente, conseguiria seguir, assim como todos seguem e saberia quando valesse a pena jogar um sorriso marginal qualquer em qualquer outro olhar. 

sábado, 12 de maio de 2012

Jeito Torto.


Esse eterno amar errado
Essa ânsia de ninguém ao lado
Esse não aceitar
Esse eterno hesitar

Quando te amo e te faço mal
Quando te chamo eu faço mal
Esse jeito torto de amar
Esse peito morto de amar

Esse olhar que fala
Essa voz que cala
Essas mãos que não acariciam
Os seus vãos que me viciam

O meu demonstrar que nada mostra
O meu agir que só se engana
Meu neutro que se prostra
Meu partir de mente insana

Meu amar que só te mata
Te falando, te fazendo bobeira.
Esse meu mar de prata
Te faltando, te sabendo inteira.

Te amando com esse cheiro
Te ignorando por inteiro
Meu jeito torto de amar
Pensando acertar

Esse meu prazer egoísta
E minha atitude infantil
Meio fascista, meio nazista.
Sutilmente vil

Me faz saber te amar certo
Me faz te querer por perto
Sem te privar de amor
Sem te causar dor

Por que te venero
E te adoro
Mas não sei se regenero
Ou se pioro

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Palavras Marginais.


Apenas isso de trepar, de entrar no outro.
De gozar forte e abundantemente
Apenas isso de deitar e acender um cigarro
Sujando o filtro com o gosto do seu corpo
Tragando do cigarro a parte que não traguei da tua alma
Enquanto te sugava, e te roubava o ar.
Bebendo do copo o resto de vinho quente
Menos quente que teu sexo, e menos molhado também.
Porque tudo do seu corpo já me percorreu
Seja em correntezas de suor, ou em vergões.
Seja em rastros de saliva com seu sabor e minha dor
E tudo do meu corpo já entrou em ti
Seja com minha língua sedenta de beijos
Em bocas variadas, com vagar ou com força bruta
Seja com minhas mãos, ou meu olhar em tuas curvas.
Também, quando te percorri em pensamento eu sorri
Porque isso é apenas um resto nojento e podre
Mas é esse cheiro que a gente respira
Assim como ainda suo teu cansaço, você ainda descansa meu ar.
E será assim, como a libido do mel.
O teu sorriso líquido nunca se solidificou em mim
Mas seu sexo evaporou nas gotas que desperdiçamos
E agora nem o gelo desse efeito entorpecente
Nem o fogo que sinto em meus olhos vermelhos
Nada disso, nem tudo isso, nem nada de nada.
Vai queimar ou congelar nada de você em mim
Não queima porque fogo é o tempo que passou
E gelo é o que amaldiçoa pra eternidade
Maldição de derreter pra sempre em teu fogo
Maldição de pra sempre, que já passou e não se vai
Talvez não combine com nada de antes mas, ouso dizer
Que minhas mãos entrelaçam as suas e se torna uma
E haverá sempre um resto meio fétido de nós
Nem que seja um abraço na memória ou um último sorriso dado
Meu amor petrificado morto tão precoce
Ainda que não combine com nada
Ainda que se saliente de tudo o antes dito
Eu tenho por você, algo que me aperta a vida, me mata,
E se contradiz fazendo pulsar, meu coração e meu sexo,
Que forma é essa doente insana, podre e morta de sentir?
Que momento, que segundo me trouxe essa certeza?
Em que sorriso seu, ou em que olhar deixei cair minha sanidade?
Apenas você me disse: Eu te amo, e eu disse: Idem!
Sorri e olhei pro lado, largamos as mãos e eu morri um pedaço.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

What If?


Se te considerar só mais uma paixão
Nunca amei ninguém, nunca vou amar.
Indiferente pra mim, começo ou fim.
Tanto fez se perdi ou ganhei
Qualquer forma tô aqui!
Nadei nas lágrimas que derramei
Dancei nas fossas que escutei
Acho que amor é luxo ou lixo
Tô sem nada pra fazer, tempo pra perder.
Vou amar alguém, depois desamo.
Se me considerar mais um na multidão
Vou saber que alguém um dia vai errar
Indiferente pra mim, começo ou fim.
Tanto fez se li ou escrevi
As palavras não estão mais aqui
Deslizei no gelo do teu olhar
Caí, te derreti, pode chorar agora.
Tuas lágrimas poluídas de adeus
Quer fumar comigo, senta aqui.
Vou enganar alguém, depois desengano.
Porque ilusão eterna é morte
E já não estamos assim tão fortes
Se considerar seu, o mundo.
Não vai ver ninguém, nem enxergar.
Indiferente pra mim, começo ou fim.
Tanto fez se serviu ou se reinou
Qualquer forma, se enganou.
Comeu tudo o que plantou
Não amou ninguém, que pena.
Só mandou em quem criou

Poeminha boboca.


Só pra constar em sua lista de conquistas
Que aumenta a cada ano
Vou te dar uma pista
Eu te amo

Quantas peças de sua coleção
Perderam a razão
Quantas são repetidas
Você troca ou não

Você não presta, e eu amo tudo que faz mal.
Você me infesta, e eu acho isso normal.
Me empresta seu amor banal
E só me resta baixo astral

Nessa festa de amor carnal
Na orgia de suas fantasias
Sua alergia de minhas poesias
Você em luxúria e pecado
Eu quero amar e ser amado

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Bloqueio Criativo Forever.


Você que fazia poesia
Que sentia e escrevia
O que restou de seus poemas?

De meus poemas restaram
Alguns versos descabeçados
Que não se justificam
Nem caminham lado a lado

Você sacrifica seus poemas
Se afoga em seus dilemas
Se entrega ao dia-a-dia
Se esquece da poesia

A poesia morreu quando comi a fruta
Perdi minha magia
Só me restou força bruta
Alergia da alegria

Por que se escraviza?
Por que capitaliza?
Por que não vive?
Volta a ser humano

Por que as ondas arrastam
As minorias e eu
Por que os poemas afastam
O que é meu e o que é teu

Não entendo
Resta algo poético ainda
Em ti, ou tudo se finda?
Se nada resta me rendo

Não sei, não sinto.
Não sei, não minto.
Por que o mundo, querido.
Faz de abstrato, concreto.
Por que meu orgulho ferido
Jaz de fato, desafeto.
E digo-lhe também
Que poesia e poema
Já disseram amém
E se conformaram
Com essa cena
De poeta sem poema

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Origem: Proteção Animal e Ateísmo.

Vejamos, ambas as situações estão interligadas. Quando eu tinha meus 4 anos uma gata deu cria no quintal, cuidávamos dos 3 gatinhos, e aí me apaixonei, carregava pra lá e pra cá, acabamos de criá-los pois a cachorra da vizinha matou a gata mãe, depois eles acabaram sumindo. Em seguida, meu avô materno adoeceu em Itapeva e minha mãe e eu, aos 6 anos fomos pra lá para cuidar dele. Ele faleceu mas continuamos lá, então apareceu uma gatinha rajada que passamos a cuidar e ela deu cria, nasceu uma gatinha pretinha linda, que dormia comigo todas as noites. Bom, eu era uma criança e queria MUITO aquele cachorrinho que virava cambalhota, e minha mãe (não a culpo) fez chantagem comigo, se eu deixasse as gatinhas irem para um sítio do meu vizinho ela me dava o cachorrinho, de tanto ela insistir e falar que as gatinhas seriam mais felizes soltas no sítio acabei topando, o vizinho era um cara que matava porcos com machadadas - eu ouvia os gritos, é óbvio que ele não levou as gatas pro sítio, provavelmente as matou e jogou em qualquer canto, me culpo absurdamente por isso. Fui criada na CONGREGAÇÃO CRISTÃ NO BRASIL, quando eu tinha 6 anos minha mãe fez um voto pra deus, e caso ele realizasse o pedido dela, ela não cortaria meu cabelo até eu completar 12 anos. Aconteceu, fiquei dos 6 aos 14 anos sem cortar, pois sentia medo de dizer a ela que sofria bullying na escola por causa do cabelo. Aos 13 anos uma tia de 2º ou 3º grau chegou em casa, lá em Itapeva e me trouxe uma gatinha de rua, filhote ainda, pretinha, toda estrupiadinha, magra ao extremo, pescoço torto. Eu caí de amores na hora, minha mãe dizia que ela não sobreviveria uma semana, mas ela sobreviveu, foi crescendo e se tornou a gata mais dócil do mundo, quando eu chegava da escola ela estava me esperando em cima da minha escrivaninha e eu me aproximava, e ela lambia meu rosto inteirinho, ronronando alto, ela dormia no meu braço, de conchinha, era tanto amor, que eu aos 14 anos empurrei um menino de 2 anos que estava pisando covardemente na barriga dela, enquanto ela gritava de dor e minha mãe e sua amiga, mãe do bebê, riam e achavam tudo muito bonitinho e engraçado, cheguei, ao ouvir o grito dela, e empurrei o moleque, ele voou uns dois metros até bater no muro. Me arrependo? Nem, faria tudo exatamente igual caso necessário fosse. Enfim, o tempo passou, e meu amor pela Preta só aumentava, então minha mãe trouxe um certo dia, numa sacola de feira daquelas coloridas feitas de nylon, um pacotinho branco felpudo, de olhos bicolores, o Nico. A Preta ficou brava, enciumada, mas com o tempo o adotou, o pegava pelo cangote e subia as escadas, então o depositava na minha cama, e o enchia de beijos, como disse antes, a gata mais dócil do mundo. E então, em Agosto de 2003 tive que me mudar às pressas para Sorocaba, motivo de doença de novo. Cheguei, enfrentamos várias brigas de família, briguei feio com duas irmãs como nunca houvera feito, eu sempre havia sido uma pessoa muito dócil, feito a Preta, baixava a cabeça para tudo, mas então aconteceu o principal nessa história toda. Eu comecei a frequentar o CEFAM daqui de Sorocaba, vim antes da minha mãe, fiquei na casa do meu irmão que ia me levar e buscar na escola. Um dia tive que ir pra lá para resolver uns assuntos com os inquilinos da casa da minha mãe, me lembro bem que antes de ir embora dei tchau pra minha mãe que estava deitada na cama, e a Preta estava deitada na barriga dela, o Nico tinha saído dar umas voltas (na época eu não tinha noção de posse responsável e me odeio até hoje por isso), fui fechando a porta devagar e a Preta me olhou até o último segundo, parece que ela sabia que seria a última vez. Dia 14 de Agosto de 2003 toca o telefone na casa do meu irmão, me chamam. Meu pai estava trazendo meus bebês, meus filhos, de carro, numa caixa de papelão (Como me odeio por isso), e ao pegar o telefone ele me fala de cara: - "Os gatos fugiram fia, eles conseguiram abrir a caixa, fiquei com medo deles e abri a porta, eles saíram correndo pela rodovia afora". Meu mundo caiu junto com o fone. Os dias seguintes foram horríveis, eu vomitava de tanto chorar, já não comia, cheguei a pesar 41 quilos, aos 16 anos, eu ia pra escola e não fazia nada, não respondia nem chamada, ficava só escrevendo cartinhas pra eles, dizendo que ia encontrá-los. Minha mãe me levava todo final de semana perto do lugar onde ele disse que os havia soltado, havia a casa de uma mulher com vários animais, a gente ia lá, eu andava pelo terreno dela, ela dizia que começou a sumir carne da mesa dela, coisa que os gatos dela nunca faziam. Mas, como era de se esperar, dois gatos domésticos, criados com ração, soltos numa rodovia super movimentada, eu nunca mais os vi. E o pior de tudo, é que até hoje acordo chorando a noite, pq eles foram abandonados sem entender nada, eles devem ter achado que eu não gostava mais deles, não os queria mais. A diretora chamou a minha mãe e contou o que estava acontecendo, então voltamos pra Itapeva, a moça dos gatinhos da beira da estrada me deu um sialatinha de dó de mim. Eu cheguei em Itapeva com uma revolta absurda, cortei meu pulso, por milímetros não perdi o movimento da mão e dos dedos, bebi álcool, álcool mesmo, sem ser bebida alcoólica, aprontei coisas horríveis na escola, cheguei a todos os extremos, só fiz merda. Mais tarde soube o real motivo da soltura. Meu pai, meu herói, que eu esperava ansiosamente em Itapeva de 15 em 15 dias, o Super Homem que eu esperava ansiosamente, e ficava horas penteando o cabelo dele, que era o que eu mais gostava de fazer, ele sempre me levava Prestígio, aquele chocolate de côco, esse cara, extremamente religioso era/é um pedófilo. Aos 12 anos, me sentei no colo dele na escada de casa em Itapeva, coisa que uma filha deveria ter liberdade para fazer, sendo aquele cara o seu herói, então ele passou a mão em mim, sobre a camiseta, eu saí com medo sem entender porra nenhuma e me tranquei no quarto, passou um tempo, alguns meses, e um dia eu estava na janela do meu quarto, observando a paisagem com uma luneta, e ele chegou e sentou na minha cama, começou a conversar, eu achei que tinha sido um mal entendido e conversei com ele, então ele me abraçou por trás e repetiu o ato, dessa vez por baixo da camiseta, e me segurou, então eu saí correndo e na hora contei pra minha mãe. Tive sorte, ela acreditou em mim, ao contrário de tantas outras. Foi feita uma reunião de família, todos meus irmãos compareceram, então soube-se que ele havia abusado de outras duas irmãs antes de mim, as quais tiveram medo de falar, e se sentiram seguras quando eu falei. Meu irmão pressionou, e ele confessou: "É, a gente apalpou mesmo", a gente quem se foi só ele? E então, o meu irmão, que hoje me afasta por ser homossexual e também é extremamente religioso, teve a atitude que uma criança de 12 anos nunca entendeu: abraçou meu pai aos soluços. Eles queriam ir na Justiça, queriam que eu depusesse, mas me contaram o que acontece com homens assim na cadeia e eu não quis ir em frente! Então, esse cara, o meu pai deixou claro que a soltura dos gatos foi vingança, pq eu destruí a vida dele, a máscara dele caiu graças a mim, ele soube exatamente o que fazer para me atingir. Desde então tenho tentado desesperadamente aprender sobre proteção animal e ajudar o maior número possível deles, pq sinto como se eu tivesse uma dívida com eles. Um dia desses encontrei uma câmera fotográfica com um filme dentro, me lembrei que dias antes da mudança eu tinha tirado várias fotos deles sozinhos e deles comigo, fui correndo revelar, ver se ainda dava pra salvar, pois de 2003 para 2011 tem muito tempo, a moça conseguiu salvar sim, peguei as fotos, paguei, e fui olhar com sede de ver meus anjinhos, no entanto ela conseguiu salvar apenas algumas fotos, todas do meu Ensino Médio no CEFAM, absolutamente nenhuma das que eles estavam foram salvas. Chorei no ônibus enquanto vinha embora, mas talvez tenha sido melhor assim, eu choraria mais se os tivesse visto ao meu alcance numa fotografia! Eu acho que isso explica tudo, ou não explica nada, tem coisa que não precisa de explicação! Eu nunca mais comi Prestígio.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Escrotices Familiares. ^^

Ultimamente tenho observado um certo comportamento vindo de alguns espécimes de HOMO SAPIENS SAPIENS. Se colocam em um pedestal, e vivem a engrandecer os próprios feitos megalomaniacamente, acho lindo possuir amor próprio, eu também tenho, em excesso algumas vezes, admito. No entanto algumas pessoas possuem esse "dom" de menosprezar, diminuir os feitos alheios, pelo simples fato de que não alcançaram tanto sucesso quanto os seus. Se escondem atrás de uma Instituição assassina, maligna, que lava cérebros em profusão, e apontam seus dedos julgadores a todos que não se encaixam em seu estilo de vida, tiram sarro e tentam fazê-lo de forma sutil(ou não), achando que dessa forma ninguém vai perceber a maldade no seu comentário: "Quem vai te dar credibilidade ao olhar para você?". Pessoas essas se baseiam na sua aparência, e ignoram o que você faz de importante, atacam todas as lutas por um bem maior a partir do momento que esse bem não irá beneficiar sua classe social, que há tempos já não é mais a mesma do povão. Tanto desdém, durante tanto tempo, vindo de pessoas que deveriam te apoiar sempre e te dar ânimo para que você continue suas conquistas, demonstram o quão desimportante algumas Instituições Pseudo Sagradas são, Igreja, Família, dentre outras.
O que eu tenho a dizer é mais ou menos isso, que tenho pena de alguém do qual eu deveria me orgulhar, que eu me escondo daqueles com os quais eu deveria dividir tudo. Tenho a dizer que eu tenho muito conteúdo e principalmente consciência, que eu tenho o costume de estender a minha mão a quem eu posso ajudar independente de qualquer diferença, principalmente de outras espécies, que eu jamais vou permitir que algo ou alguém faça com que eu despreze algo que deveria ser prioridade para mim, ou pior, nada disso, dinheiro, religião nenhuma, vai me fazer abraçar um pedófilo aos soluços enquanto afasto um irmão pra longe de mim porque ele é homossexual. Podem falar o que quiser, podem continuar não dando a mínima importância pelas coisas que eu já fiz, pelos concursos que eu já passei, por serem cargos simples, na reles Instituição falida chamada Educação e não um cargo fudido na Receita Federal, eu não sou menos do que ninguém por causa disso, mas se vocês pensam dessa forma, e tratam não só a mim, mas a minha família (pq pra mim família é quem segue lado a lado, sempre ajudando, nos momentos ruins e compartilhando dos momentos bons, nem sempre possuir o mesmo sangue correndo nas veias faz de alguém minha família) de forma desdenhosa e sarcástica, fazendo piadinhas para cutucar quem você sabe que tem pavio curto, só pelo prazer de massagear seu próprio ego fanfarrão, saiba que isso não me afeta a ponto de sentir ódio, eu estou bem além disso, sou uma pessoa inacreditavelmente resiliente e já passei por cima de coisas piores, jamais uma birrinha feito essa vai me tirar do sério, ou algo do tipo, mesmo que de repente as piadinhas se direcionem a mim, mas saiba que eu sei perfeitamente onde queres chegar, quando esperas a poeira baixar para ir fazer provocação novamente. Típica atitude de vilõezinhos de novela, provoca, provoca, provoca, para ganhar uma reação e se fazer de santo. Desprezível, risível.
Apenas saibam que esse tipo de atitude magoa muito, e afasta quem se importa, isso vai, pouco a pouco cavando um abismo, vai chegar uma hora que será tarde, não vai mais alcançar o outro lado. Eu absolutamente não me importo com eventos, não é por isso que escrevi, eu desprezo eventos, fujo sempre que possível, exatamente porque é onde se reúnem as pessoas que vivem de aparência, se juntam nesses eventos se abraçam vestidos a rigor, falam mal dos ausentes, e logo após se apunhalam, não, a Sociedade por si já é um antro de cobras pra que eu vou procurar uma reunião delas? Saí da Igreja e a desprezo por causa desse mesmo motivo!


PS. Não se gabe de sua inteligência, não é exclusividade sua, eu mesma possuo de sobra, se gabe pelo dinheiro, esse sim eu não tenho huauhahuahuahuahuuah ;]