terça-feira, 15 de maio de 2012

Sorriso de Seda.


Estava ali parado com aquele sorriso de seda
Macio e fácil de se desfazer, derreteria com as lágrimas que desbravavam seu rosto, que ele secava, adiando esse dilúvio de insorrisos que lhe reservaram tão cruelmente.
Teria sido melhor não saber, pois assim não era culpa dele, ele tentara, dizia a si mesmo. Mas agora que sabe, entende que o fracasso todo deve-se a sua covardia. E agora ele perdeu aquele gosto tolo de ignorância ou disfarce, ele sorria, fraca e timidamente, com um brilho grato no olhar, grato, que se ele não soubesse iria ficar pra sempre na busca, acreditando em suas mentiras auto-contadas, inventadas cuidadosamente de forma a colorir ainda mais fortemente sua aquarela de desamores imaginários.
Agora ele estava prestes a abandonar a sua autopiedade inconsciente, conseguiria seguir, assim como todos seguem e saberia quando valesse a pena jogar um sorriso marginal qualquer em qualquer outro olhar. 

sábado, 12 de maio de 2012

Jeito Torto.


Esse eterno amar errado
Essa ânsia de ninguém ao lado
Esse não aceitar
Esse eterno hesitar

Quando te amo e te faço mal
Quando te chamo eu faço mal
Esse jeito torto de amar
Esse peito morto de amar

Esse olhar que fala
Essa voz que cala
Essas mãos que não acariciam
Os seus vãos que me viciam

O meu demonstrar que nada mostra
O meu agir que só se engana
Meu neutro que se prostra
Meu partir de mente insana

Meu amar que só te mata
Te falando, te fazendo bobeira.
Esse meu mar de prata
Te faltando, te sabendo inteira.

Te amando com esse cheiro
Te ignorando por inteiro
Meu jeito torto de amar
Pensando acertar

Esse meu prazer egoísta
E minha atitude infantil
Meio fascista, meio nazista.
Sutilmente vil

Me faz saber te amar certo
Me faz te querer por perto
Sem te privar de amor
Sem te causar dor

Por que te venero
E te adoro
Mas não sei se regenero
Ou se pioro

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Palavras Marginais.


Apenas isso de trepar, de entrar no outro.
De gozar forte e abundantemente
Apenas isso de deitar e acender um cigarro
Sujando o filtro com o gosto do seu corpo
Tragando do cigarro a parte que não traguei da tua alma
Enquanto te sugava, e te roubava o ar.
Bebendo do copo o resto de vinho quente
Menos quente que teu sexo, e menos molhado também.
Porque tudo do seu corpo já me percorreu
Seja em correntezas de suor, ou em vergões.
Seja em rastros de saliva com seu sabor e minha dor
E tudo do meu corpo já entrou em ti
Seja com minha língua sedenta de beijos
Em bocas variadas, com vagar ou com força bruta
Seja com minhas mãos, ou meu olhar em tuas curvas.
Também, quando te percorri em pensamento eu sorri
Porque isso é apenas um resto nojento e podre
Mas é esse cheiro que a gente respira
Assim como ainda suo teu cansaço, você ainda descansa meu ar.
E será assim, como a libido do mel.
O teu sorriso líquido nunca se solidificou em mim
Mas seu sexo evaporou nas gotas que desperdiçamos
E agora nem o gelo desse efeito entorpecente
Nem o fogo que sinto em meus olhos vermelhos
Nada disso, nem tudo isso, nem nada de nada.
Vai queimar ou congelar nada de você em mim
Não queima porque fogo é o tempo que passou
E gelo é o que amaldiçoa pra eternidade
Maldição de derreter pra sempre em teu fogo
Maldição de pra sempre, que já passou e não se vai
Talvez não combine com nada de antes mas, ouso dizer
Que minhas mãos entrelaçam as suas e se torna uma
E haverá sempre um resto meio fétido de nós
Nem que seja um abraço na memória ou um último sorriso dado
Meu amor petrificado morto tão precoce
Ainda que não combine com nada
Ainda que se saliente de tudo o antes dito
Eu tenho por você, algo que me aperta a vida, me mata,
E se contradiz fazendo pulsar, meu coração e meu sexo,
Que forma é essa doente insana, podre e morta de sentir?
Que momento, que segundo me trouxe essa certeza?
Em que sorriso seu, ou em que olhar deixei cair minha sanidade?
Apenas você me disse: Eu te amo, e eu disse: Idem!
Sorri e olhei pro lado, largamos as mãos e eu morri um pedaço.