quinta-feira, 10 de maio de 2012

Palavras Marginais.


Apenas isso de trepar, de entrar no outro.
De gozar forte e abundantemente
Apenas isso de deitar e acender um cigarro
Sujando o filtro com o gosto do seu corpo
Tragando do cigarro a parte que não traguei da tua alma
Enquanto te sugava, e te roubava o ar.
Bebendo do copo o resto de vinho quente
Menos quente que teu sexo, e menos molhado também.
Porque tudo do seu corpo já me percorreu
Seja em correntezas de suor, ou em vergões.
Seja em rastros de saliva com seu sabor e minha dor
E tudo do meu corpo já entrou em ti
Seja com minha língua sedenta de beijos
Em bocas variadas, com vagar ou com força bruta
Seja com minhas mãos, ou meu olhar em tuas curvas.
Também, quando te percorri em pensamento eu sorri
Porque isso é apenas um resto nojento e podre
Mas é esse cheiro que a gente respira
Assim como ainda suo teu cansaço, você ainda descansa meu ar.
E será assim, como a libido do mel.
O teu sorriso líquido nunca se solidificou em mim
Mas seu sexo evaporou nas gotas que desperdiçamos
E agora nem o gelo desse efeito entorpecente
Nem o fogo que sinto em meus olhos vermelhos
Nada disso, nem tudo isso, nem nada de nada.
Vai queimar ou congelar nada de você em mim
Não queima porque fogo é o tempo que passou
E gelo é o que amaldiçoa pra eternidade
Maldição de derreter pra sempre em teu fogo
Maldição de pra sempre, que já passou e não se vai
Talvez não combine com nada de antes mas, ouso dizer
Que minhas mãos entrelaçam as suas e se torna uma
E haverá sempre um resto meio fétido de nós
Nem que seja um abraço na memória ou um último sorriso dado
Meu amor petrificado morto tão precoce
Ainda que não combine com nada
Ainda que se saliente de tudo o antes dito
Eu tenho por você, algo que me aperta a vida, me mata,
E se contradiz fazendo pulsar, meu coração e meu sexo,
Que forma é essa doente insana, podre e morta de sentir?
Que momento, que segundo me trouxe essa certeza?
Em que sorriso seu, ou em que olhar deixei cair minha sanidade?
Apenas você me disse: Eu te amo, e eu disse: Idem!
Sorri e olhei pro lado, largamos as mãos e eu morri um pedaço.

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