segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Foda-se o Título.

Eu sou um monstro.
Louco, doentio, insano, completamente insano.
Essa loucura me arca as costas, me pesa no olhar, ser monstro esgota.
Sinto um cheiro de giz de cera, que me embala devagar, me leva pro passado, pros desenhos pendurados com prendedores em varais, frágeis varais.
Aqui ficou só a ausência de cheiros. Tão já uma bagagem repleta de lembranças e saudades de outras épocas vividas, e de outras que sequer foram vividas, eu as leio, as roubo de escritores já mortos e sinto-lhes, roubo-lhes as dores, sinto-lhes, prepotentemente acredito saber o que sentiam ao escrever aquelas nostalgias.
Ficou, ficou o uniforme, o beijo roubado em vão, porque a morte levou o resto. Ficou, ficou as roupas pretas e as pulseiras pretas, porque a vida molda, nem que seja a força, e tudo perde a razão. Ficaram, ficaram dois gatos, ficou o "prestígio", ficou ter um pai, ficou ter uma mãe que fazia cafuné, ficou. Ficou o quarto cheio de posteres, ficou, ficou a inocência, ficou. O vinho escondido no quarto com os amigos? Ficou, ficou junto com os filmes proibidos, ficaram. Os cigarros proibidos, o primeiro porre, o primeiro beijo que foi nojento, também ficou. Ficou subir as escadas de quatro, tentando não fazer barulho, ficou segurar a risada até explodir dentro da sala de aula, ficou a professora mandando sair. Ficou o sangue quente, pra trás. Ficou, agora, no presente, o comodismo, ficou. Veio e ficou. Regras, eu sigo. O que eu quero, não vivo. Ficou, ficou, ficou, foi só o que restou que acabou ficando de vez. Vá vive, vive, vive logo menino, vive logo menina. Que hoje achas que o mundo é seu, amanhã verá que era só coisa de liceu, nem sequer você é seu.

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