domingo, 26 de fevereiro de 2012

Origem: Proteção Animal e Ateísmo.

Vejamos, ambas as situações estão interligadas. Quando eu tinha meus 4 anos uma gata deu cria no quintal, cuidávamos dos 3 gatinhos, e aí me apaixonei, carregava pra lá e pra cá, acabamos de criá-los pois a cachorra da vizinha matou a gata mãe, depois eles acabaram sumindo. Em seguida, meu avô materno adoeceu em Itapeva e minha mãe e eu, aos 6 anos fomos pra lá para cuidar dele. Ele faleceu mas continuamos lá, então apareceu uma gatinha rajada que passamos a cuidar e ela deu cria, nasceu uma gatinha pretinha linda, que dormia comigo todas as noites. Bom, eu era uma criança e queria MUITO aquele cachorrinho que virava cambalhota, e minha mãe (não a culpo) fez chantagem comigo, se eu deixasse as gatinhas irem para um sítio do meu vizinho ela me dava o cachorrinho, de tanto ela insistir e falar que as gatinhas seriam mais felizes soltas no sítio acabei topando, o vizinho era um cara que matava porcos com machadadas - eu ouvia os gritos, é óbvio que ele não levou as gatas pro sítio, provavelmente as matou e jogou em qualquer canto, me culpo absurdamente por isso. Fui criada na CONGREGAÇÃO CRISTÃ NO BRASIL, quando eu tinha 6 anos minha mãe fez um voto pra deus, e caso ele realizasse o pedido dela, ela não cortaria meu cabelo até eu completar 12 anos. Aconteceu, fiquei dos 6 aos 14 anos sem cortar, pois sentia medo de dizer a ela que sofria bullying na escola por causa do cabelo. Aos 13 anos uma tia de 2º ou 3º grau chegou em casa, lá em Itapeva e me trouxe uma gatinha de rua, filhote ainda, pretinha, toda estrupiadinha, magra ao extremo, pescoço torto. Eu caí de amores na hora, minha mãe dizia que ela não sobreviveria uma semana, mas ela sobreviveu, foi crescendo e se tornou a gata mais dócil do mundo, quando eu chegava da escola ela estava me esperando em cima da minha escrivaninha e eu me aproximava, e ela lambia meu rosto inteirinho, ronronando alto, ela dormia no meu braço, de conchinha, era tanto amor, que eu aos 14 anos empurrei um menino de 2 anos que estava pisando covardemente na barriga dela, enquanto ela gritava de dor e minha mãe e sua amiga, mãe do bebê, riam e achavam tudo muito bonitinho e engraçado, cheguei, ao ouvir o grito dela, e empurrei o moleque, ele voou uns dois metros até bater no muro. Me arrependo? Nem, faria tudo exatamente igual caso necessário fosse. Enfim, o tempo passou, e meu amor pela Preta só aumentava, então minha mãe trouxe um certo dia, numa sacola de feira daquelas coloridas feitas de nylon, um pacotinho branco felpudo, de olhos bicolores, o Nico. A Preta ficou brava, enciumada, mas com o tempo o adotou, o pegava pelo cangote e subia as escadas, então o depositava na minha cama, e o enchia de beijos, como disse antes, a gata mais dócil do mundo. E então, em Agosto de 2003 tive que me mudar às pressas para Sorocaba, motivo de doença de novo. Cheguei, enfrentamos várias brigas de família, briguei feio com duas irmãs como nunca houvera feito, eu sempre havia sido uma pessoa muito dócil, feito a Preta, baixava a cabeça para tudo, mas então aconteceu o principal nessa história toda. Eu comecei a frequentar o CEFAM daqui de Sorocaba, vim antes da minha mãe, fiquei na casa do meu irmão que ia me levar e buscar na escola. Um dia tive que ir pra lá para resolver uns assuntos com os inquilinos da casa da minha mãe, me lembro bem que antes de ir embora dei tchau pra minha mãe que estava deitada na cama, e a Preta estava deitada na barriga dela, o Nico tinha saído dar umas voltas (na época eu não tinha noção de posse responsável e me odeio até hoje por isso), fui fechando a porta devagar e a Preta me olhou até o último segundo, parece que ela sabia que seria a última vez. Dia 14 de Agosto de 2003 toca o telefone na casa do meu irmão, me chamam. Meu pai estava trazendo meus bebês, meus filhos, de carro, numa caixa de papelão (Como me odeio por isso), e ao pegar o telefone ele me fala de cara: - "Os gatos fugiram fia, eles conseguiram abrir a caixa, fiquei com medo deles e abri a porta, eles saíram correndo pela rodovia afora". Meu mundo caiu junto com o fone. Os dias seguintes foram horríveis, eu vomitava de tanto chorar, já não comia, cheguei a pesar 41 quilos, aos 16 anos, eu ia pra escola e não fazia nada, não respondia nem chamada, ficava só escrevendo cartinhas pra eles, dizendo que ia encontrá-los. Minha mãe me levava todo final de semana perto do lugar onde ele disse que os havia soltado, havia a casa de uma mulher com vários animais, a gente ia lá, eu andava pelo terreno dela, ela dizia que começou a sumir carne da mesa dela, coisa que os gatos dela nunca faziam. Mas, como era de se esperar, dois gatos domésticos, criados com ração, soltos numa rodovia super movimentada, eu nunca mais os vi. E o pior de tudo, é que até hoje acordo chorando a noite, pq eles foram abandonados sem entender nada, eles devem ter achado que eu não gostava mais deles, não os queria mais. A diretora chamou a minha mãe e contou o que estava acontecendo, então voltamos pra Itapeva, a moça dos gatinhos da beira da estrada me deu um sialatinha de dó de mim. Eu cheguei em Itapeva com uma revolta absurda, cortei meu pulso, por milímetros não perdi o movimento da mão e dos dedos, bebi álcool, álcool mesmo, sem ser bebida alcoólica, aprontei coisas horríveis na escola, cheguei a todos os extremos, só fiz merda. Mais tarde soube o real motivo da soltura. Meu pai, meu herói, que eu esperava ansiosamente em Itapeva de 15 em 15 dias, o Super Homem que eu esperava ansiosamente, e ficava horas penteando o cabelo dele, que era o que eu mais gostava de fazer, ele sempre me levava Prestígio, aquele chocolate de côco, esse cara, extremamente religioso era/é um pedófilo. Aos 12 anos, me sentei no colo dele na escada de casa em Itapeva, coisa que uma filha deveria ter liberdade para fazer, sendo aquele cara o seu herói, então ele passou a mão em mim, sobre a camiseta, eu saí com medo sem entender porra nenhuma e me tranquei no quarto, passou um tempo, alguns meses, e um dia eu estava na janela do meu quarto, observando a paisagem com uma luneta, e ele chegou e sentou na minha cama, começou a conversar, eu achei que tinha sido um mal entendido e conversei com ele, então ele me abraçou por trás e repetiu o ato, dessa vez por baixo da camiseta, e me segurou, então eu saí correndo e na hora contei pra minha mãe. Tive sorte, ela acreditou em mim, ao contrário de tantas outras. Foi feita uma reunião de família, todos meus irmãos compareceram, então soube-se que ele havia abusado de outras duas irmãs antes de mim, as quais tiveram medo de falar, e se sentiram seguras quando eu falei. Meu irmão pressionou, e ele confessou: "É, a gente apalpou mesmo", a gente quem se foi só ele? E então, o meu irmão, que hoje me afasta por ser homossexual e também é extremamente religioso, teve a atitude que uma criança de 12 anos nunca entendeu: abraçou meu pai aos soluços. Eles queriam ir na Justiça, queriam que eu depusesse, mas me contaram o que acontece com homens assim na cadeia e eu não quis ir em frente! Então, esse cara, o meu pai deixou claro que a soltura dos gatos foi vingança, pq eu destruí a vida dele, a máscara dele caiu graças a mim, ele soube exatamente o que fazer para me atingir. Desde então tenho tentado desesperadamente aprender sobre proteção animal e ajudar o maior número possível deles, pq sinto como se eu tivesse uma dívida com eles. Um dia desses encontrei uma câmera fotográfica com um filme dentro, me lembrei que dias antes da mudança eu tinha tirado várias fotos deles sozinhos e deles comigo, fui correndo revelar, ver se ainda dava pra salvar, pois de 2003 para 2011 tem muito tempo, a moça conseguiu salvar sim, peguei as fotos, paguei, e fui olhar com sede de ver meus anjinhos, no entanto ela conseguiu salvar apenas algumas fotos, todas do meu Ensino Médio no CEFAM, absolutamente nenhuma das que eles estavam foram salvas. Chorei no ônibus enquanto vinha embora, mas talvez tenha sido melhor assim, eu choraria mais se os tivesse visto ao meu alcance numa fotografia! Eu acho que isso explica tudo, ou não explica nada, tem coisa que não precisa de explicação! Eu nunca mais comi Prestígio.

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