quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Disseram eles no fim, marcas de dor à luz de velas, luz dançante, quase irônica.
Cada lado do rosto iluminado por vez, sombras também dançantes.
Restos de garrafas aqui e ali e copos mal lavados cheirando a álcool, ao lado, cinzeiros lotados, bitucas dobradas, fumadas até o fim. Marcas de dor, nas fotos largadas, nos discos tocados, nas roupas manchadas.
- Pare de filmar! - voz arrastada.
- Não posso, é um conto narrado e filmado. Sofra.
- Achei que seria pra sempre!
- Foi, cada amor tem um prazo de 'pra sempre'.
- O nosso foi tão pequeno.
- Não, os 'pra sempre' se medem na intensidade, não no tempo.
- Então, então o nosso é o mais longo dos 'pra sempre'?!
- Sim. Adeus.
- A.D.E.U.S - Até nunca mais. Os 'nunca mais' se medem como?
- Se medem na dor do 'Adeus', e a dor se mede, a dor se mede no tempo.
- Clic. Desliga isso pra sempre e não liga nunca mais.

Um comentário:

  1. Acho que os para-sempre devem ser medidos tal-qual você menciona...mas ao reler Caio F. e sentir a possibilidade de um reencontro com esses utópicos para-sempre e nunca-mais, reluzente lembrei do que tinha lido aqui no teu blog, que visito constantemente, mas que timidamente não comento...
    Então o trecho:.palavras não descrevem os olhos, as bocas, os braços e abraços, nem a alegria até então desconhecida, surgida de um (re) encontro. pra quem, há dias atrás, refletia tanto as obras do acaso, hoje compreende que realmente, o acaso não passa de um simples nada, e acredita em algo bem maior que isso. que levará à um próximo reencontro, sem sombra de dúvidas. mas até lá, todas as músicas cantadas estarão na mente, todos os sorrisos que ainda não acreditavam no que estava acontecendo, todos os olhares que transpareciam toda a magia do momento."

    caio fernando abreu.

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